Energia de buraco negro impede formação de estrelas
© Chandra/VLA (galáxia M87)
A uma distância de 50 milhões de anos luz, M87 está relativamente próxima da Terra e fica no centro do aglomerado de Virgem, que contém milhares de galáxias. A localização de M87, combinada ao longo período de atividade do Chandra, fez com que a galáxia fosse um excelente alvo de observação.
"Nossos resultados mostram em grande detalhe como o buraco negro supermassivo tem um controle surpreendentemente bom sobre a evolução da galáxia onde vive", disse Norbert Werner, do Instituto Kavli de Astrofísica de partículas e Cosmologia da Universidade Stanford e do Laboratório Nacional de Acelerador SLAC. O aglomerado ao redor da M87 brilha em luz de raios X, que é captada pelo Chandra. À medida que se resfria, o gás pode cair na direção do centro da galáxia, onde poderia continuar a se resfriar ainda mais e formar novas estrelas. No entanto, observações de rádio feitas pelo VLA indicam que os jatos de partículas altamente energéticas produzidos pelo buraco negro da M87 interrompe o processo. Esses jatos erguem o gás relativamente frio perto do centro da galáxia e produzem ondas de choque na atmosfera galáctica, por conta de sua velocidade supersônica. Os cientistas envolvidos na pesquisa consideraram que a interação dessa "erupção" cósmica com o ambiente galáctico é muito semelhante à do vulcão islandês Eyjafjallajokull, que forçou o fechamento de boa parte dos aeroportos da Europa há alguns meses. Com o Eyjafjallajokull, bolsões de gás quente irrompiam pela superfície da lava, gerando ondas de choque que podem ser vistas passando através da fumaça cinzenta. O gás aquecido se eleva pela atmosfera, arrastando a poeira cinzenta atrás de si. Em analogia com o vulcão, as partículas energéticas produzidas na vizinhança do buraco negro elevam-se através da atmosfera que emite raios X, fazendo elevar-se o gás mais frio perto do centro da M87, de modo semelhante ao arrasto das nuvens de cinza vulcânica visto na Terra. Na galáxia M87, as plumas de gás mais frio que são erguidas contêm tanta massa quanto todo o gás contido num raio de 12.000 anos-luz do centro do aglomerado de galáxias. "Esse gás teria formado centenas de milhões de estrelas se o buraco negro não o tivesse retirado do centro da galáxia", disse um dos autores de um dos dois artigos que descrevem a dinâmica da M87, Evan Milion, de Stanford.
Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
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