Observações VLT de explosão de raios gama revelam ingredientes surpreendentes em galáxias primordiais
Impressão de artista mostra duas galáxias no Universo primitivo. A explosão brilhante à esquerda é uma explosão de raios gama. A luz da explosão viaja através de ambas as galáxias em seu caminho para a Terra (fora do quadro à direita). Análise das observações da luz a partir desta explosão de raios gama feitas usando o Very Large Telescope do ESO têm mostrado que estas duas galáxias são muito ricas em elementos mais pesados.crédito:ESO / L. Calçada
Uma equipe internacional de astrônomos utilizou a breve e brilhante luz de uma explosão de raios gama distante para investigar a composição de galáxias muito distantes. As informações obtidas com o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), revelaram duas galáxias no Universo primordial mais ricas em elementos pesados que o Sol. Os novos resultados apoiam também a ideia de que as explosões de raios gama podem estar associadas a formação estelar intensa. As observações do VLT mostram que a luz brilhante emitida pela explosão de raios gama passou através da própria galáxia hospedeira e também de outra galáxia próxima.
Estas galáxias estão sendo observadas tal como eram há 12 bilhões de anos. Galáxias tão distantes estão raramente envolvidas neste tipo de fenômenos. "Quando estudamos a radiação emitida por esta explosão de raios gama não sabíamos o que iríamos encontrar. Foi surpreendente descobrir que o gás frio existente nestas duas galáxias do Universo primitivo tem uma composição química tão inesperada", explica Sandra Savaglio, do Instituto Max-Planck para a Física Extraterrestre, na Alemanha, autora principal do artigo científico que descreve este estudo. "Estas galáxias têm mais elementos pesados do que o observado em qualquer galáxia do Universo primordial.
Não esperávamos que o Universo já estivesse tão evoluído em termos químicos." Quando a radiação da explosão de raios gama passou através das galáxias, o gás ali contido atuou como um filtro e absorveu parte desta radiação em certos comprimentos de onda. Sem a explosão de raios gama estas galáxias tênues seriam completamente invisíveis. Ao analisar cuidadosamente as impressões digitais dos diferentes elementos químicos, a equipe de cientistas conseguiu determinar a composição do gás frio destas galáxias muito distantes e, em particular, descobriu o seu rico conteúdo em elementos pesados. A pesquisadora explica que é esperado que as galáxias no Universo primitivo tenham menor quantidade de elementos pesados do que as galáxias no Universo atual, tais como a Via Láctea, pois os elementos pesados são produzidos ao longo da vida e morte de várias gerações de estrelas, que gradualmente vão enriquecendo o gás das galáxias.
Os astrônomos utilizam o enriquecimento químico das galáxias para determinar em que período das suas vidas estas se encontram. No entanto, estas novas observações revelaram que algumas galáxias são muito ricas em elementos pesados numa altura correspondente a menos de dois bilhões de anos depois do Big Bang, algo inimaginável até agora. O par de galáxias jovens descoberto deve estar formando estrelas a uma taxa extremamente elevada, de modo a poder enriquecer tanto e tão depressa o gás frio. Uma vez que as duas galáxias estão tão próximas uma da outra, é possível que se encontrem em processo de fusão, o que dará origem a formação estelar quando as nuvens de gás colidem entre si.
Explosões de raios gama
Estas são as explosões mais brilhantes do Universo. Uma destas explosões, chamada GRB 090323, foi inicialmente detectada pelo Telescópio Espacial Fermi Gamma-ray da Nasa, a agência espacial americana. Pouco tempo depois, o sinal emitido foi observado pelo detector de raios X do satélite Swift da Nasa e pelo sistema GROND do telescópio MPG/ESO instalado no Chile. Esta explosão foi estudada detalhadamente pelo VLT do ESO, apenas um dia depois da explosão inicial. "Tivemos muita sorte em observar a GRB 090323 quando ainda estava suficientemente brilhante, de tal modo que foi possível obter observações muito detalhadas com o VLT. As explosões de raios gama permanecem brilhantes apenas por curtos espaços de tempo, por isso conseguir dados de boa qualidade é muito difícil. Esperamos poder observar novamente estas galáxias num futuro não muito longínquo, quando tivermos disponíveis instrumentos mais sensíveis", afirmou Savaglio.Fonte: http://www.eso.org/public/portugal/news/eso1143/
Estas galáxias estão sendo observadas tal como eram há 12 bilhões de anos. Galáxias tão distantes estão raramente envolvidas neste tipo de fenômenos. "Quando estudamos a radiação emitida por esta explosão de raios gama não sabíamos o que iríamos encontrar. Foi surpreendente descobrir que o gás frio existente nestas duas galáxias do Universo primitivo tem uma composição química tão inesperada", explica Sandra Savaglio, do Instituto Max-Planck para a Física Extraterrestre, na Alemanha, autora principal do artigo científico que descreve este estudo. "Estas galáxias têm mais elementos pesados do que o observado em qualquer galáxia do Universo primordial.
Não esperávamos que o Universo já estivesse tão evoluído em termos químicos." Quando a radiação da explosão de raios gama passou através das galáxias, o gás ali contido atuou como um filtro e absorveu parte desta radiação em certos comprimentos de onda. Sem a explosão de raios gama estas galáxias tênues seriam completamente invisíveis. Ao analisar cuidadosamente as impressões digitais dos diferentes elementos químicos, a equipe de cientistas conseguiu determinar a composição do gás frio destas galáxias muito distantes e, em particular, descobriu o seu rico conteúdo em elementos pesados. A pesquisadora explica que é esperado que as galáxias no Universo primitivo tenham menor quantidade de elementos pesados do que as galáxias no Universo atual, tais como a Via Láctea, pois os elementos pesados são produzidos ao longo da vida e morte de várias gerações de estrelas, que gradualmente vão enriquecendo o gás das galáxias.
Os astrônomos utilizam o enriquecimento químico das galáxias para determinar em que período das suas vidas estas se encontram. No entanto, estas novas observações revelaram que algumas galáxias são muito ricas em elementos pesados numa altura correspondente a menos de dois bilhões de anos depois do Big Bang, algo inimaginável até agora. O par de galáxias jovens descoberto deve estar formando estrelas a uma taxa extremamente elevada, de modo a poder enriquecer tanto e tão depressa o gás frio. Uma vez que as duas galáxias estão tão próximas uma da outra, é possível que se encontrem em processo de fusão, o que dará origem a formação estelar quando as nuvens de gás colidem entre si.
Explosões de raios gama
Estas são as explosões mais brilhantes do Universo. Uma destas explosões, chamada GRB 090323, foi inicialmente detectada pelo Telescópio Espacial Fermi Gamma-ray da Nasa, a agência espacial americana. Pouco tempo depois, o sinal emitido foi observado pelo detector de raios X do satélite Swift da Nasa e pelo sistema GROND do telescópio MPG/ESO instalado no Chile. Esta explosão foi estudada detalhadamente pelo VLT do ESO, apenas um dia depois da explosão inicial. "Tivemos muita sorte em observar a GRB 090323 quando ainda estava suficientemente brilhante, de tal modo que foi possível obter observações muito detalhadas com o VLT. As explosões de raios gama permanecem brilhantes apenas por curtos espaços de tempo, por isso conseguir dados de boa qualidade é muito difícil. Esperamos poder observar novamente estas galáxias num futuro não muito longínquo, quando tivermos disponíveis instrumentos mais sensíveis", afirmou Savaglio.Fonte: http://www.eso.org/public/portugal/news/eso1143/
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