Observatório astronômico mais potente do mundo é inaugurado no Chile
O observatório é composto por 66 antenas que podem operar em conjunto
Foto: ESO / Divulgação
O Grande Conjunto de Radiotelescópios do Atacama (Alma, na sigla em inglês), o mais potente observatório astronômico do mundo, foi inaugurado nesta quarta-feira na Planície Chajnantor, a mais de 5 mil metros de altura, no norte do Chile. Com 66 antenas que podem operar em uníssono, o Alma foi inaugurado em uma cerimônia que contou com a presença do presidente chileno Sebastián Piñera e autoridades de diversos países. Após mais de uma década de construção, em um empreendimento conjunto de Estados Unidos, Europa e Japão, o Alma está destinado a investigar a origem do universo e da vida. "O Alma é como um grande telescópio de 16 km de diâmetro", disse o diretor do observatório, Mattheus de Graauw, ao inaugurar o complexo astronômico, localizado nas proximidades da cidade turística de San Pedro do Atacama, em pleno deserto do Atacama. Por sua capacidade para chegar às zonas mais remotas, escuras e frias do universo, ao captar longitudes de ondas milimétricas e submilimétricas invisíveis a olho nu e a outros instrumentos ópticos, o Alma é considerado o observatório mais potente atualmente em funções. O observatório mostrará pormenores nunca antes analisados sobre a formação de estrelas, galáxias bebês no universo primordial e planetas em formação em torno de sóis distantes. Descobrirá e medirá também a distribuição de moléculas - muitas delas essenciais à vida - que se formam no espaço entre as estrelas. Já nestes primeiros estudos, sem o telescópio estar totalmente pronto, os
astrônomos detectaram a presença de moléculas de água, o que marca as
observações de água mais distantes no cosmos publicadas até hoje.
Modelo cosmológico
Os artigos científicos divulgados pela equipe do ALMA mostram que a formação
estelar mais intensa no cosmos ocorreu muito mais cedo do que o que se supunha
anteriormente. Acredita-se que os episódios de formação estelar mais intensos ocorreram no
Universo primordial, em galáxias brilhantes de grande massa. Estas galáxias com
formação estelar explosiva convertem enormes reservatórios de gás e poeira
cósmica em novas estrelas a uma taxa impressionante - muitas centenas de vezes
mais depressa do que a formação estelar que ocorre nas galáxias em espiral
tranquilas, como a nossa Galáxia, a Via Láctea. No modelo da cosmologia mais aceito atualmente, os cientistas acreditam que,
quanto mais distantes da Terra estão as galáxias, mais antigas elas são. Quanto mais distante estiver uma galáxia, mais longe no tempo a estamos
vendo, por isso ao medir distâncias podemos reconstruir a linha cronológica de
quão vigorosa é a formação estelar no Universo nas diferentes épocas da sua
história de 13,7 bilhões de anos," confirma Joaquin Vieira, do Instituto de
Tecnologia da Califórnia, e autor de um dos estudos publicados hoje. Os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que muitas destas galáxias
longínquas e poeirentas que estavam formando estrelas se encontram ainda mais
longe do que o esperado. Isto significa que, em média, os episódios de formação estelar intensa
ocorreram há 12 bilhões de anos atrás, quando o Universo tinha menos de 2
bilhões de anos - um bilhão de anos mais cedo do que o que se pensava
anteriormente. Duas das galáxias observadas são as mais distantes deste tipo já observadas -
elas estão tão distantes que, se o modelo cosmológico estiver correto, sua luz
começou a sua viagem quando o Universo tinha apenas um bilhão de anos. Juntamente com observações anteriores, esses dados reforçam questionamentos
sobre os cálculos atuais da idade do Universo - já se conhece pelo menos uma
estrela (HD 140283) cuja idade aparente é maior do que a idade calculada do
Universo.
Fonte: Terra / Inovação Tecnológica
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!