Cientistas decobrem fábrica cósmica dos blocos de construção da vida

Os cometas contêm elementos como água, amónia, metano e dióxido de carbono que podem fornecido os materiais brutos, os quais após um poderoso impacto na Terra primitiva teriam produzido aminoácidos, os elementos base da vida. Crédito: Laboratório Nacional Lawrence Livermore

De acordo com os cientistas, as colisões explosivas de cometas gelados com planetas e luas criaram os blocos de construção fundamentais da vida, espalhando estes ingredientes necessários por todo o Sistema Solar. O que isto significa é que os complexos percursores da vida são comuns, aumentando assim as hipóteses de vida noutros lugares," afirma o co-autor Mark Price, cientista espacial da Universidade de Kent, na Inglaterra. Sabe-se que os cometas possuem compostos orgânicos. Os cientistas há muito que sugeriram que os cometas ajudaram a trazer os ingredientes da vida para a Terra primitiva.
 
Os astrónomos detectaram amónia e outros compostos em cometas tais como o Halley, compostos estes que são os percursores dos aminoácidos, os componentes básicos das proteínas. De facto, o aminoácido mais simples, a glicina, foi recentemente descoberto em amostras do Cometa 81P/Wild-2 recolhidas pela missão Stardust da NASA. No entanto, a vida requer aminoácidos mais complexos. Os modelos computacionais do químico Nir Goldman do Laboratório Nacional de Lawrence Livermore, no estado americano da Califórnia, sugeriram que os impactos poderiam formar aminoácidos complexos, e Price e colegas decidiram replicar estas simulações, enquanto a astrobióloga portuguesa Zita Martins, do Imperial College em Londres, e colegas, ajudaram a procurar quaisquer aminoácidos resultantes.
 
"Os impactos são omnipresentes no Sistema Solar - vemos crateras de impacto em cada superfície sólida do Sistema Solar," afirma Price. "Devido à gravidade, sabemos que estes impactos devem ocorrer a velocidades muito altas, na ordem dos quilómetros por segundo. Durante estes impactos, as pressões e temperaturas ficam muito altas, proporcionando um ambiente que pode induzir alterações químicas no alvo e nos materiais dos projécteis. Uma dessas mudanças é que moléculas simples podem tornar-se mais complexas."
 
Nas experiências, os investigadores dispararam projécteis de aço a velocidades até 25.200 km/h contra misturas de gelo similares às encontradas em cometas. Os alvos podem ser difíceis de trabalhar - "uma mistura de dióxido de carbono gelado, amónia e metanol fica extremamente fria, -80º C, e ao lidar com os gelos e recipientes tivémos que usar várias camadas de luvas limpas, máscaras de rosto e fatos de protecção," realça Price. "Mesmo assim, ainda ficámos com os dedos queimados do gelo!"
 
Os resultados incluem vários aminoácidos, incluindo L-alanina, um componente importante das proteínas cá na Terra. Martins, Price, Goldman e colegas relatam os seus achados na edição online de 15 de Setembro da revista Nature Geoscience. Price advertiu, "Nós não criámos vida. Nem de perto. O que fizémos foi demonstrar um processo que pega nas moléculas presentes durante o nascimento do Sistema Solar e que as transforma em moléculas necessárias para a vida. É como pegarmos em simples peças LEGO e juntarmos duas. Ainda falta muito para construir uma casa, mas é um começo."
 
Os pesquisadores sugerem que os impactos gelados - quer seja de cometas contra planetas rochosos ou corpos rochosos, ou corpos gelados contra superfícies geladas como as luas de Júpiter e Saturno - podem ter fabricado moléculas orgânicas complexas. Dado que os impactos ocorrem em todos os lugares onde olhamos, isto implica que as moléculas complexas também são comuns no Sistema Solar," afirma Price. "Conseguimos gerar um resultado que pode aumentar as chances da vida estar presente num ambiente fora da Terra, como por baixo dos gelos de Encelado ou Europa."
 
As investigações futuras podem analisar outros compostos que podem formar-se durante esses impactos - por exemplo, se as moléculas complexas podem ser alteradas para formar outras moléculas ainda mais complexas.
Fonte: Astronomia On-Line

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