Photobomb astronômico: dois colossais buracos negros inesperados em foto de Andrômeda
Aparentemente, não são apenas
humanos que não conseguem resistir à tentação de entrar de penetra na foto dos
outros. Um grupo de cientistas foi surpreendido por um photobomb cósmico ao
analisar imagens da galáxia Andrômeda: o que acreditavam previamente ser um
tipo especial de estrela parece ser, na verdade, uma dupla de buracos negros
orbitando muito perto um do outro – tão perto que algo parecido nunca tinha
sido observado antes.
Inicialmente, acreditava-se que o
objeto, batizado de J0045+41, estava dentro de Andrômeda, também conhecida como
M31. Porém, usando dados do Observatório de raios-X Chandra, da Nasa, e dos
telescópios Gemini-North, no Havaí, e Palomar Transient Factory, na Califórnia,
os pesquisadores perceberam que ele está mil vezes mais longe.
“Estávamos procurando um tipo
especial de estrela na M31 e achávamos ter encontrado uma”, disse o pesquisador
responsável, Trevor Dorn-Wallenstein, que faz sua pós-graduação na Universidade
de Washington, em um comunicado à imprensa . “Ficamos surpresos e entusiasmados
por encontrar algo muito estranho!”.
Muito mais longe do que se
pensava
Quando, a partir dos fortes
sinais de raio-x detectados pelo Chandra, os astrônomos perceberam que o objeto
não era um par de estrelas que orbitam a si mesmas a cada 76 dias, mudaram sua
hipótese para um binário de buracos negros e uma estrela de nêutrons. Mas, em
seguida, os dados espectrais do Gemini-North provaram que ali teriam que haver
ao menos um buraco negro supermassivo. Isso permitiu aos pesquisadores
calcular a distância do J0045+41, que está a 2,6 bilhões de anos-luz de
distância de nós. Andrômeda, a nossa galáxia vizinha mais próxima, fica a 2,5
milhões de anos-luz – e espera-se que ela colida com a Via Láctea em cerca de 4
bilhões de anos.
O espectro também demonstrou que
um segundo buraco negro estava presente em J0045+41, movendo-se a uma
velocidade diferente do primeiro, o que é esperado se os dois buracos negros
estiverem orbitando um ao outro. Já as variações periódicas medidas pelo
Palomar Transient Factory são coincidentes com o esperado quando dois buracos
negros supermassivos se orbitarem. Essa é a primeira vez em que
foram encontradas evidências tão fortes de um par de buracos negros gigantes se
orbitando”, declarou a co-autora Emily Levesque, também da Universidade de
Washington.
Extremamente próximos
Segundo os cálculos dos
cientistas, nunca foi descoberta uma dupla de buracos negros supermassivos tão
próximos entre si. A estimativa é de que suas órbitas estejam separadas por
apenas algumas centenas de vezes a distância entre a Terra e o Sol, o que
corresponde a menos de um centésimo de um ano-luz. Em comparação, a estrela
mais próxima do nosso Sol está a cerca de quatro anos-luz de distância.
A explicação para o surgimento
desse sistema poderia ser uma fusão, bilhões de anos atrás, de duas galáxias,
cada uma contendo um buraco negro supermassivo. À medida que emitem ondas
gravitacionais, os dois buracos negros de J0045+41 estão inevitavelmente se
aproximando cada vez mais um do outro. Como não puderam identificar a massa dos
buracos negros, os cientistas não conseguiram prever quando a colisão
acontecerá, podendo ser em 350 ou até 360 mil anos. Um artigo descrevendo a
descoberta foi aceito para publicação na edição de novembro do periódico “The
Astrophysical Journal” e está disponível on-line.
Fonte: hypescience.com
[Nasa, Science Alert]
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