Primeiras galáxias do universo giravam como a Via Láctea
Impressão de artista da rotação de uma galáxia no Universo
jovem.
Crédito: Instituto de Astronomia, Amanda Smith
Os astrónomos olharam para trás
no tempo, para uma época pouco depois do Big Bang, e descobriram gás turbulento
em algumas das primeiras galáxias que se formaram no Universo. Estes
"recém-nascidos" - observados como eram há quase 13 mil milhões de
anos - giravam como um redemoinho, de modo semelhante à nossa própria Via
Láctea.
Uma equipe internacional liderada
por Renske Smit do Instituto Kavli de Cosmologia da Universidade de Cambridge
usou o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) para abrir uma nova
janela no Universo distante e identificou galáxias normais de formação estelar
num estágio muito inicial da história cósmica. Os resultados foram divulgados
na revista Nature e foram apresentados na 231.ª reunião da Sociedade
Astronómica Americana.
A luz de objetos distantes leva
tempo até alcançar a Terra, de modo que a observação de objetos a milhares de
milhões de anos-luz permite-nos olhar para trás no tempo e observar diretamente
a formação as galáxias mais antigas. No entanto, naquela época o Universo
estava repleto de uma "neblina" obscura de hidrogénio neutro, o que
torna difícil ver a formação das primeiras galáxias com telescópios óticos.
Smit e colegas usaram o ALMA para
observar duas pequenas galáxias recém-nascidas, como existiam apenas 800
milhões de anos após o Big Bang. Ao analisarem a "impressão digital"
espectral da radiação infravermelha distante recolhida pelo ALMA, foram capazes
de estabelecer a distância às galáxias e, pela primeira vez, ver o movimento
interno do gás que alimentou o seu crescimento.
"Até à construção do ALMA,
nunca tínhamos conseguido ver a formação de galáxias em tão grande detalhe e
nunca tínhamos sido capazes de medir o movimento do gás em galáxias tão cedo na
história do Universo," afirma o coautor Stefano Carniani, do Laboratório
Cavendish e do Instituto Kavli de Cosmologia, ambos de Cambridge.
Os cientistas descobriram que o
gás nestas galáxias recém-nascidas rodava e girava num movimento parecido com o
de um redemoinho, um movimento semelhante ao da nossa própria Galáxia e de
outras galáxias mais maduras muito mais tarde na história do Universo. Apesar
do seu tamanho relativamente pequeno - cerca de cinco vezes mais pequenas que a
Via Láctea - estas galáxias formavam estrelas a um ritmo maior do que outras
galáxias jovens, mas os investigadores ficaram surpresos ao descobrir que as
galáxias não eram tão caóticas quanto o esperado.
"No início do Universo, a
gravidade fez com que o gás fluísse rapidamente para as galáxias, agitando-as e
formando muitas estrelas novas - as violentas explosões de supernova dessas
estrelas também tornaram o gás turbulento," comenta Smit. "Nós
esperávamos que as galáxias jovens fossem uma 'bagunça' dinâmica, devido aos
estragos provocados pela explosão de estrelas jovens, mas estas mini-galáxias
mostram a capacidade de manter a ordem e parecem bem reguladas.
Apesar do seu
pequeno tamanho, já estão a crescer rapidamente para se tornarem em galáxias
'adultas' como a galáxia onde vivemos. Os dados deste projeto sobre
galáxias pequenas preparam o caminho para estudos maiores de galáxias durante
os primeiros milhares de milhões de anos do tempo cósmico.
Fonte: Astronomia OnLine
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