Esta é a mais detalhada simulação do universo já criada
Nós provavelmente nunca vamos compreender plenamente o
tamanho do nosso universo. Nós sabemos que ele é grande, mas é difícil para a
mente humana mensurar algo infinitamente grande. Mas isso não quer dizer que
nós não podemos tentar.
Uma equipe internacional de astrofísicos acabou de lançar,
com o auxílio de avanços computacionais, o melhor modelo do universo já criado.
O projeto é a simulação de escala universal com mais informações já produzida.
Os detalhes e a escala da simulação permitem que os
cientistas estudem como as galáxias se formam, evoluem e crescem em conjunto
com a formação de estrelas. “Quando observamos galáxias usando um telescópio,
só podemos medir certas quantidades”, diz o astrofísico Shy Genel, do Centro de
Astrofísica Computacional do Instituto Flatiron (CCA), nos EUA. “Com a
simulação, podemos rastrear todas as propriedades de todas essas galáxias. E
não apenas como a galáxia é agora, mas toda sua história de formação”, celebra.
Genel diz que mapear a maneira com que as galáxias evoluem
na simulação oferece um vislumbre de como nossa própria galáxia, a Via Láctea,
pode ter sido quando a Terra se formou e como ela pode mudar no futuro.
Chamado de Illustris: The Next Generation (ou IllustrisTNG),
o projeto é o sucessor da simulação original Illustris, desenvolvida pela mesma
equipe de pesquisa, mas atualizada para incluir alguns dos processos físicos
que desempenham papéis cruciais na formação e evolução das galáxias.
Como o projeto original, esta simulação modela um universo
em forma de cubo, menor que o nosso. Desta vez, o projeto seguiu a formação de
milhões de galáxias em uma região representativa de um universo com quase 1
bilhão de anos-luz de largura em cada lado (acima dos 350 milhões de anos-luz
por lado simulados há apenas quatro anos).
Montanhas de dados
O TNG é composto por 18 simulações que cobrem várias
escalas, rastreando a evolução do universo logo após o Big Bang e indo até o
futuro. Com mais resolução e nova física, as simulações melhoradas não só
cobrem mais terreno, mas agora podem modelar com precisão os padrões de
galáxias em clusters e como essa rede intergalática se desloca ao longo do
tempo.
“É particularmente fascinante que possamos prever com
precisão a influência de buracos negros supermassivos na distribuição de
matéria para grandes escalas”, diz Springel. “Isso é crucial para interpretar
de forma confiável as próximas medições cosmológicas”.
Manter um registro de um bilhão de anos-luz quadrados de
material galáctico, campos magnéticos e matéria escura requer um hardware
impressionante. O projeto utiliza o supercomputador mais rápido da Alemanha, o
Hazel Hen. São tantos dados que os cientistas esperam ter trabalho pelos
próximos anos com as simulações – demorou dois meses para executar os cálculos
para apenas uma das simulações maiores, acumulando 500 terabytes de dados.
“Analisar esta enorme montanha de dados nos manterá ocupados
nos próximos anos, e promete muitas novidades interessantes em diferentes
processos astrofísicos”, prevê Volker Springel, do Instituto Heidelberg de
Estudos Teóricos, na Alemanha.
Resultados
O super simulador já está mostrando resultados. Alguns
artigos já foram publicados com seu auxílio e estão nos ajudando a entender,
entre outras coisas, o agrupamento em larga escala da matéria e como as
galáxias se formam.
O IllustrisTNG também ajuda a melhorar a nossa compreensão
da estrutura hierárquica da formação galáctica. Uma pesquisa publicada na
revista britânica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society demonstrou
a natureza de halos quase invisíveis de estrelas que se formam quando as
galáxias colidem e se fundem. Os teóricos argumentam que as galáxias pequenas
devem se formar primeiro e depois se fundem em objetos cada vez maiores,
impulsionados pela implacável atração da gravidade. As numerosas colisões de
galáxia separam algumas galáxias e espalham suas estrelas em órbitas largas em
torno das galáxias grandes recém-criadas, o que deve dar às galáxias um leve
brilho de luz estelar.
Estes halos predispostos são muito difíceis de observar
devido ao seu baixo brilho superficial, mas o IllustrisTNG foi capaz de simular
exatamente o que os astrônomos deveriam procurar.
“Nossas previsões agora podem ser sistematicamente
verificadas por observadores”, diz Annalisa Pillepich, pesquisadora do
Instituto Max Planck de Astronomia, que liderou o estudo. “Isso produz um teste
crítico para o modelo teórico da formação hierárquica das galáxias”.
Em outro estudo, Dylan Nelson, pesquisador do Instituto Max
Planck de Astrofísica, na Alemanha, conseguiu demonstrar o impacto dos buracos
negros nas galáxias. As galáxias formadoras de estrelas brilham com a luz azul
de suas estrelas jovens até que uma mudança súbita de evolução interrompe a
formação estelar, de modo que a galáxia se torne dominada por velhas estrelas
vermelhas e se junta a um cemitério cheio de galáxias antigas e mortas.
“A única entidade física capaz de extinguir a formação de
estrelas em nossas grandes galáxias elípticas são os buracos negros super
massivos em seus centros”, explica Nelson. “As saídas ultra rápidas dessas
armadilhas de gravidade atingem velocidades de até 10% da velocidade da luz e
afetam os sistemas estelares gigantes, que são bilhões de vezes maiores do que
o próprio buraco negro, comparativamente”.
Fonte: https://hypescience.com
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