Fusão de estrelas de nêutrons é muito mais louca do que os cientistas pensavam
Os astrofísicos achavam que sabiam o que acontecia após a
colisão de duas estrelas de nêutrons. Isso até GW170817 os confundir
completamente. Normalmente, uma fusão dessas leva a uma grande explosão. O
que se espera de uma grande explosão? Que ela produza um flash brilhante, cuja
luz diminui com o tempo. Certo?
Não no caso de GW170817 que, contrariamente às expectativas,
continua a se iluminar meses após o evento. Um artigo sobre o fenômeno, estudado por uma equipe da
Universidade McGill, no Canadá, foi publicado na revista Astrophysical Journal
Letters.
A surpresa
De acordo com dados do Observatório de raios-X Chandra, da
NASA, as consequências dessa colisão são muito mais complexas e interessantes
do que os pesquisadores esperavam. Essa é a primeira vez que observamos diretamente uma colisão
entre duas estrelas de nêutrons. Graças a avanços na detecção de ondas
gravitacionais, os cientistas conseguiram apontar seus instrumentos espaciais a
tempo de assistir o evento mais tarde nomeado GW170817, em agosto do ano
passado. A fusão espetacular ocorreu a 138 milhões de anos-luz do sistema
solar.
Aprendemos muito sobre o fenômeno. Por exemplo, pudemos
confirmar que as colisões entre estrelas de nêutrons produzem explosões de
raios gama, um dos eventos mais brilhantes e energéticos do universo. Essa explosão de raios gama recebeu o nome de GRB170817A, e
deveria se apagar relativamente rápido. Só que isso não aconteceu.
Novas medições
Dois dias após a colisão, nenhuma fonte óptica estava
visível, o que está dentro do normal.
Nove dias após a colisão, os dados do Chandra revelaram uma
nova fonte de raios-X no local da explosão.
“Geralmente, quando vemos uma pequena explosão de raios
gama, a emissão de jatos gerada fica brilhante por um curto período de tempo e
então desaparece”, explicou o astrofísico Daryl Haggard, da Universidade
McGill.
A posição do objeto no céu era muito próxima do sol para
medições sensíveis de raios-X, de forma que o mistério permaneceu por um tempo.
Foi somente 109 após a colisão, no início de dezembro de 2017, que os
astrônomos foram capazes de fazer novas leituras de GRB170817A, descobrindo que
ele estava ainda mais brilhante do que no início de setembro.
Hipóteses
O brilho só pode ser explicado se a colisão das estrelas de
nêutrons for um pouco mais complicada do que nós pensávamos inicialmente. Por exemplo, a colisão pode ter criado um buraco negro com
um jato energético que está aquecendo o material em torno dele. Isso poderia
explicar o brilho visto nos raios-X e nos espectros de rádio durante meses após
o evento.
A curva de luz do raio-X corresponde a previsões para esta
hipótese, embora a origem desse jato energético ainda seja incerta. Agora, os astrônomos possuem um novo desafio em mãos: tentar
descobrir a causa e a física por trás desse surpreendente evento luminoso.
GW170817 deve continuar sendo um dos objetos mais estudados no céu por algum
tempo ainda.
Fonte: https://hypescience.com
[ScienceAlert]
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