Composição dos planetas
Investigadores usaram bases de dados e ferramentas estatísticas
para caracterizar exoplanetas e as suas atmosferas.Crédito:
iStock.com/Arkadlusz Wargula
Investigadores da
Universidade de Zurique analisaram a composição e estrutura de exoplanetas
distantes usando ferramentas estatísticas. A sua análise indica se um planeta é
parecido com a Terra, se é composto por rocha pura ou um mundo de água. Quanto
maior o planeta, mais hidrogénio e hélio tem.
Será que existe uma segunda
Terra no espaço? O nosso conhecimento de sistemas planetários distantes está a
evoluir constantemente, à medida que surgem novas tecnologias que continuam a
melhorar as nossas observações astronómicas. Até à data já foram descobertos
mais de 3700 planetas para lá do nosso Sistema Solar. As massas e os raios dos
planetas podem ser usados para inferir a sua densidade média, mas não a sua
composição e estrutura química exatas. A intrigante questão sobre o aspeto
desses planetas está, portanto, ainda em aberto.
"Teoricamente, podemos
assumir várias composições, como um mundo de água pura, um mundo de rocha pura,
planetas com atmosfera de hidrogénio-hélio e explorar quais os raios
esperados," explica Michael Lozovsky, candidato a doutoramento no grupo do
professor Ravit Helled do Instituto de Ciência Computacional da Universidade de
Zurique.
Limites para a composição
planetária
Lozovksy e colaboradores
usaram bases de dados e ferramentas estatísticas para caracterizar os
exoplanetas e as suas atmosferas. Estes são bastante comuns e estão rodeados
por uma camada volátil de hidrogénio e hélio. No entanto, os dados medidos
anteriormente por via direta não permitem com que os cientistas determinem a
estrutura exata, dado que diferentes composições podem levar à mesma massa e
raio. Além da precisão dos dados relativos à massa e ao raio, a equipa de
investigação também investigou a estrutura interna, a temperatura e a radiação
refletida em 83 dos 3700 exoplanetas conhecidos, para os quais as massas e raios
estão bem determinados.
"Usámos uma análise
estatística para definir limites em possíveis composições. Usando uma base de
dados de exoplanetas detetados, descobrimos que cada estrutura planetária
teórica tem um 'limite de raio', um raio planetário acima do qual não existem
planetas desta composição," explica Michael Lozovsky. A quantidade de
elementos, na camada gasosa, mais pesados do que o hélio, a percentagem de
hidrogénio e hélio, bem como a distribuição de elementos na atmosfera, são
fatores importantes na determinação do limite de raio.
Super-Terras e mini-Netunos
Os investigadores do
Instituto de Ciência Computacional descobriram que os planetas com um raio até
1,4 vezes o da Terra (6371 quilómetros) podem ser semelhantes à Terra, isto é,
com uma composição semelhante à da Terra. Os planetas com raios acima deste
limite têm uma maior proporção de silicatos ou outros materiais leves. A
maioria dos planetas com um raio acima de 1,6 raios terrestres deve ter uma
camada gasosa de hidrogénio-hélio ou água além do seu núcleo rochoso, enquanto
aqueles com mais de 2,6 raios terrestres não podem ser mundos oceânicos e,
portanto, devem estar rodeados por uma atmosfera. Espera-se que os planetas com
raios superiores a 4 raios terrestres sejam muito gasosos e tenham, pelo menos,
de 10% de hidrogénio e hélio, parecidos a Úrano e Neptuno.
As descobertas deste estudo
fornecem novas informações sobre o desenvolvimento e diversidade desses
planetas. Um limite particularmente interessante diz respeito à diferença entre
grandes planetas terrestres - também conhecidos como super-Terras - pequenos
planetas gasosos, também referidos como mini-Netunos. Segundo os cientistas,
este limite situa-se num raio de três vezes o da Terra. Abaixo deste limite, é
possível encontrar planetas semelhantes à Terra na vasta extensão da Galáxia.
Fonte: Astronomia OnLine
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