Mais um suporte para o Planeta Nove
Esta ilustração mostra as órbitas dos distantes objetos da Cintura de Kuiper e do Planeta Nove. As órbitas renderizadas a roxo são controladas principalmente pela gravidade do Planeta Nove e exibem um agrupamento orbital íntimo. As órbitas verdes, por outro lado, estão ligadas a Neptuno e exibem uma dispersão orbital maior.Crédito: James Tuttle Keane/Caltech
Correspondendo ao terceiro
aniversário do seu anúncio teorizando a existência de um nono planeta no
Sistema Solar, Mike Brown e Konstantin Batygin do Caltech (Instituto de
Tecnologia da Califórnia) publicaram um par de artigos que analisam as
evidências da existência do Planeta Nove. Os artigos fornecem novos
detalhes sobre a natureza e localização suspeita do planeta, que tem sido
objeto de uma intensa busca internacional desde o anúncio de Batygin e Brown em
2016.
O primeiro artigo foi
publicado no dia 22 de janeiro na revista The Astronomical Journal. A hipótese
do Planeta Nove é baseada em evidências que sugerem que o agrupamento de
objetos na Cintura de Kuiper, um campo de corpos gelados para lá de Neptuno, é
influenciado pela atração gravitacional de um planeta ainda por avistar. A questão da ocorrência desse
agrupamento ainda está em aberto, ou se é meramente um artefacto resultante de
um viés em como e onde os objetos da Cintura de Kuiper são observados.
Para avaliar se o viés de
observação está realmente por trás do aparente agrupamento, Brown e Batygin
desenvolveram um método para quantificar a quantidade de viés em cada
observação individual, e depois calcularam a probabilidade do agrupamento não
ser genuíno. Essa probabilidade, descobriram, é de aproximadamente uma em 500. Embora esta análise não
diga nada, diretamente, sobre a existência do Planeta Nove, indica que a
hipótese tem uma base sólida," diz Brown, professor de Astronomia
Planetária.
Cálculos orbitais atualizados sugerem que o Planeta Nove tem aproximadamente cinco vezes a massa da Terra e reside numa órbita ligeiramente excêntrica com um período de mais ou menos 10.000 anos.Crédito: James Tuttle Keane/Caltech
O segundo artigo será
publicado na próxima edição da revista Physics Reports. Fornece milhares de
modelos computacionais da evolução dinâmica do Sistema Solar distante e uma
visão atualizada da natureza do Planeta Nove, incluindo uma estimativa de que é
menor e está mais próximo do Sol do que se suspeitava anteriormente. Com base
nos novos modelos, Batygin e Brown - juntamente com Fred Adams e Juliette
Becker da Universidade de Michigan - concluíram que o Planeta Nove tem uma
massa aproximadamente cinco vezes a da Terra e um eixo orbital semi-maior na
casa das 400 UA (Unidade Astronómica), tornando-o também potencialmente mais
brilhante. Cada unidade astronómica é equivalente à distância entre o centro da
Terra e o centro do Sol, cerca de 149,6 milhões de quilómetros.
"Com cinco vezes a massa
da Terra, o Planeta Nove é provavelmente muito reminiscente de uma típica
super-Terra exosolar," explica Batygin, professor assistente de ciência
planetária. As super-Terras são planetas com uma massa maior que a da Terra,
mas substancialmente menor que a de um gigante gasoso. "É o elo perdido da
formação planetária do Sistema Solar. Ao longo da última década, os
levantamentos exoplanetários revelaram que planetas de tamanho similar são
muito comuns em torno de outras estrelas parecidas com o Sol. O Planeta Nove
será o astro homólogo mais acessível para estudar as propriedades de um planeta
típico da nossa Galáxia."
Batygin e Brown apresentaram
a primeira evidência da existência de um planeta gigante que traçava uma órbita
bizarra e altamente alongada no Sistema Solar exterior no dia 20 de janeiro de
2016. Nesse mês, Brown e Batygin forneceram mais detalhes, incluindo restrições
observacionais na localização do planeta ao longo da sua órbita.
Nos dois anos seguintes,
desenvolveram modelos teóricos do planeta que explicavam outros fenómenos
conhecidos, como por exemplo o porquê de alguns objetos da Cintura de Kuiper
terem uma órbita perpendicular em relação ao plano do Sistema Solar. Os modelos
resultantes aumentaram a sua confiança na existência do Planeta Nove.
Após o anúncio oficial,
astrónomos de todo o mundo, incluindo Brown e Batygin, começaram a procurar
evidências observacionais do novo planeta. Embora Brown e Batygin tenham sempre
aceite a possibilidade de o Planeta Nove não existir, dizem que quanto mais
examinam a dinâmica orbital do Sistema Solar, mais fortes parecem ser as
evidências que o sustentam.
"A minha característica
favorita da hipótese do Planeta Nove é que é testável observacionalmente,"
diz Batygin. "A perspetiva de um dia vermos imagens reais do Planeta Nove
é absolutamente eletrizante. Embora a descoberta do Planeta Nove, visualmente,
seja um grande desafio, estou muito otimista de que o iremos ver na próxima
década."
Fonte: Astronomia OnLine
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