Astrônomos obtêm primeira imagem de um buraco negro
Uma equipe científica
internacional anunciou nesta quarta-feira (10) um marco na astrofísica: a
primeira foto de um buraco negro feita através de uma rede global de
telescópios. A imagem mostra na verdade a “silhueta” do buraco negro no centro
de Messier 87, uma enorme galáxia que fica no Aglomerado de Virgem, a cerca de
54 milhões de anos-luz da Terra.
A pesquisa foi conduzida pelo
projeto Event Horizon Telescope (Telescópio do Horizonte de Eventos ou EHT),
uma colaboração iniciada em 2012 para tentar observar diretamente o ambiente em
torno de um buraco negro.
O anúncio foi feito em
coletivas de imprensa simultâneas em Washington, Bruxelas, Santiago, Xangai,
Taipei e Tóquio. Este é um grande dia
para a astrofísica”, disse a diretora da Fundação Nacional de Ciência dos EUA,
France Córdova. “Estamos vendo o invisível”.
“Conseguimos algo que se
presume impossível há apenas uma geração”, completou o astrofísico Sheperd
Doeleman, diretor do EHT.
O
que estamos vendo?
Embora sejam fenomenalmente
densos, buracos negros são extraordinariamente difíceis de observar. Esses
objetos celestes possuem campos gravitacionais tão fortes que nem a luz pode
escapar. O “ponto de não retorno” além
do qual qualquer coisa – estrelas, planetas, gás, poeira e todas as formas de
radiação eletromagnética – é engolida para sempre é chamado de horizonte de
eventos de um buraco negro.
Na borda desse horizonte,
fica um anel de matéria e radiação circulando a uma velocidade tremenda. Esse
anel circunda a região de completa escuridão que é o verdadeiro buraco negro, e
representa a “sombra” ou “silhueta” do objeto. Para enxergar – e fotografar
– a silhueta do buraco negro de Messier 87, os pesquisadores juntaram dados
vindos de telescópios nos EUA, México, Chile, Espanha, Antártica, França e
Groenlândia, a fim de formar um “prato observacional” do tamanho de um planeta.
Einstein
estava certo, mais uma vez
De acordo com o astrofísico
Dimitrios Psaltis, da Universidade do Arizona (EUA), o tamanho e a forma da
sombra correspondem às previsões precisas da teoria geral da relatividade de
Einstein, o que aumenta a confiança dos cientistas nesta hipótese apresentada
em 1915 pelo famoso físico para explicar as leis da gravidade e sua relação a
outras forças naturais.
“Fotografar um buraco negro é
apenas o começo de nosso esforço para desenvolver novas ferramentas que nos
permitam interpretar os dados massivamente complexos que a natureza nos dá”,
acrescentou Psaltis.
Fonte: Hypescience.com
Reuters
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