Fluxo de dados da missão Tess leva à descoberta de um planeta do tamanho de Saturno
Nesta ilustração, um Saturno quente passa em frente da sua
estrela hospedeira. Os astrónomos que estudam as estrelas usaram sismos
estelares para caracterizar a estrela, que forneceu informações críticas sobre
o planeta. Veja aqui uma simulação do planeta a orbitar a estrela. Crédito:
Gabriel Perez Diaz, Instituto de Astrofísica das Canárias
Os astrónomos que estudam as
estrelas estão a fornecer uma ajuda valiosa aos astrónomos que caçam planetas e
que perseguem o objetivo principal da nova missão TESS da NASA. De facto, os
asterossismolólogos - astrónomos estelares que estudam ondas sísmicas (ou
sismos estelares) em estrelas que aparecem como mudanças no brilho - muitas
vezes fornecem informações críticas para encontrar as propriedades de planetas
recém-descobertos.
Este trabalho em equipa
possibilitou a descoberta e caracterização do primeiro planeta identificado
pelo TESS, para o qual as oscilações da sua estrela hospedeira podem ser
medidas.
O planeta - TOI 197.01 (TOI é
abreviação para "TESS Object of Interest") - é descrito como um
"Saturno quente" num artigo científico recentemente aceite. Isto
porque o planeta tem aproximadamente o mesmo tamanho que Saturno e também está
muito perto da sua estrela, completando uma órbita em apenas 14 dias e é,
portanto, muito quente.
A revista The Astronomical
Journal vai publicar o artigo escrito por uma equipa internacional composta por
141 astrónomos. Daniel Huber, astrónomo assistente da Universidade do Hawaii no
Instituto de Astronomia de Manoa, é o autor principal do artigo. Steve Kawaler,
professor de física e astronomia, e Miles Lucas, estudante, são coautores da
Universidade Estatal do Iowa.
"Este é o primeiro
'balde de água' da 'mangueira' de dados que estamos a receber do TESS,"
comentou Kawaler. TESS (Transiting Exoplanet
Survey Satellite), liderado por astrofísicos do MIT (Massachusetts Institute of
Technology) - foi lançado a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral,
Flórida, EUA, no dia 18 de abril de 2018. A missão principal do satélite é
encontrar exoplanetas, planetas para lá do nosso Sistema Solar.
As suas quatro
câmaras estão a tirar exposições, ao longo de quase um mês, de 26 faixas
verticais do céu - primeiro sobre o hemisfério sul e depois sobre o norte.
Depois de dois anos, o TESS terá examinado 85% do céu.
Os astrónomos (e seus
computadores) estudam as imagens, procurando trânsitos, minúsculas quedas no
brilho estelar provocadas por um planeta em órbita passando em frente. A missão
Kepler da NASA - antecessora da missão TESS - procurou planetas da mesma forma,
mas examinou uma pequena parte da Via Láctea e focou-se em estrelas distantes.
O TESS tem como alvo estrelas
próximas e brilhantes, permitindo que os astrónomos acompanhem as suas
descobertas usando outros observatórios espaciais e terrestres para estudar e
caracterizar estrelas e planetas. Noutro artigo publicado recentemente na
revista The Astrophysical Journal: Supplement Series, os astrónomos do TASC
(TESS Asteroseismic Science Consortium) identificaram uma lista de alvos de
estrelas oscilantes semelhantes ao Sol (muitas que são parecidas ao nosso
futuro Sol) para serem estudadas usando dados do TESS - uma lista com 25.000
estrelas.
Kawaler - que testemunhou o
lançamento do Kepler em 2009, e estava na Flórida para o lançamento do TESS
(mas um atraso de última hora significou que teve que perder o lançamento para
regressar a Ames e lecionar) - está no conselho de sete membros do TASC. O
grupo é liderado por Jørgen Christensen-Dalsgaard da Universidade de Aarhus, na
Dinamarca.
Os astrónomos do TASC usam
modelagem asterossismológica para determinar o raio, a massa e a idade de uma
estrela hospedeira. Esses dados podem ser combinados com outras observações e
medições para determinar as propriedades dos planetas em órbita.
No caso da estrela-mãe
TOI-197, os asterossismólogos usaram as suas oscilações para determinar que tem
cerca de 5 mil milhões de anos e é um pouco mais massiva e maior que o Sol.
Também determinaram que o planeta TOI-197.01 é um gigante gasoso com um raio
mais ou menos nove vezes o da Terra, tornando-se aproximadamente do tamanho de
Saturno. Tem também 1/13 da densidade da Terra e cerca de 60 vezes a massa da
Terra.
Estas descobertas dizem-nos
muito sobre o trabalho do TESS: "TOI-197 fornece um primeiro vislumbre do
forte potencial do TESS em caracterizar exoplanetas usando
asterossismologia," escreveram os astrónomos no seu artigo científico. Kawaler espera que a
enxurrada de dados provenientes do TESS também contenha algumas surpresas
científicas.
"O interessante é que o
TESS será o único instrumento do seu género durante algum tempo e os dados são
tão bons que planeamos tentar fazer ciência sobre a qual nem tínhamos pensado
antes," disse Kawaler. "Talvez possamos também olhar para as estrelas
muito fracas - as anãs brancas - que são o meu primeiro amor e representam o
futuro do nosso Sol e do Sistema Solar."
Fonte: Astronomia OnLine
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