Esta incrível descoberta da anã branca pode ser uma 'mina de ouro' para físicos
Impressão
artística de um sistema binário de anãs brancas. Ilustração: Caltech/IPAC
Cientistas
descobriram um sistema binário de estrelas anãs brancas que podem um dia
produzir uma significativa descoberta de ondas gravitacionais, segundo um novo
artigo científico. Certos eventos caóticos, como buracos negros colidindo,
emitem ondas distorcendo o espaço-tempo que os cientistas detectaram aqui na
Terra.
Mas
outros eventos, como objetos extremamente densos que orbitam um ao outro em
altíssima velocidade, podem produzir ondas gravitacionais indetectáveis pelos instrumentos atuais, portanto os cientistas estão construindo um detector de ondas
gravitacionais baseado no espaço
chamado Laser Interferometer Space Antenna (LISA). Duas anãs brancas binárias recém-descobertas parecem ser uma fonte
fundamental para as ondas gravitacionais que o LISA poderia detectar.
“Um
objeto como esse é realmente uma mina de ouro para melhorar nossa compreensão
de como o universo funciona”
Kevin
Gõddodo, primeiro autor do estudo e estudante de graduação da CalTech. Os
pesquisadores descobriram evidências do sistema binário usando o Zwicky
Transient Facility no Observatório Palomar, na Califórnia, EUA. Na mesma noite,
outro telescópio em Kitt Peak, no Arizona, fez a mesma observação e notou que a
cada 6,91 minutos apenas sua luz diminuía. Em seguida os físicos confirmaram
esse comportamento de redução de luz com o outro telescópio em Palomar e
finalmente, observações usando o Telescópio W.M Keck em Mauna Kea, Havaí,
confirmou a incrível rapidez com a qual as estrelas orbitavam uma à outra.
Os
pesquisadores concluíram que haviam visto anãs brancas passando na frente uma
da outra, eclipsando sua luz. As anãs brancas são objetos pequenos e densos,
são o fim da vida da maioria das estrelas, o que possivelmente incluirá o nosso
próprio Sol, e essas duas estão se orbitando simultaneamente de tal maneira que
uma bloqueia a luz da outra. O simples fato de que essas anãs brancas eclipsam
uma à outra é uma descoberta curiosíssima, pois permitirá que os pesquisadores
meçam ambas as estrelas, o que seria difícil de realizar de outra forma.
É
um par bizarro de estrelas. Parece que uma delas é muito mais quente que uma
anã branca típica, possivelmente porque esteja sugando matéria da outra. Mas as
observações ainda não corroboram nenhuma evidência disso. Os pesquisadores
farão observações pelo Hubble para tentarem descobrir o que estaria causando a
diferença de temperatura entre o par.
Mais
emocionante de toda essa história é a ciência que as anãs brancas binárias
poderiam possibilitar. Este par está a apenas 7.500 anos-luz de nós e elas
orbitam relativamente próximas uma da outra, em um espaço ainda menor que o
diâmetro do planeta Saturno. Imagine como isso é louco: dois corpos, um deles
com cerca da metade da massa do nosso Sol e o outro com um quarto da massa do
Sol, orbitando um ao outro a essa distância em menos de sete minutos. Esse
nível absurdamente extremo o torna um dos melhores alvos para o novo LISA.
“[Esta
fonte] é uma forte fonte de radiação gravitacional próxima ao pico da
sensibilidade do LISA”, escreveram os autores no estudo publicado na revista
científica Nature, “e esperamos que seja detectado na primeira semana de
observações do LISA, assim que o LISA for lançado aproximadamente em 2034.”
A
simples existência desse sistema binário é empolgante, disse Warren Brown,
astrônomo do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian que foi um dos revisores
do artigo, pois implica que outros objetos do mesmo tipo estão no céu esperando
para serem descobertos. Também fornece aos cientistas um pontapé inicial sobre
como os objetos emissores de ondas gravitacionais devem se parecer no céu antes
mesmo de ver as ondas. “Você pode combinar medidas de luz de agora com medidas
de gravidade no futuro”, afirmou Brown. “É um laboratório interessante.”
Comparar
ondas gravitacionais, explorar causas potenciais de supernovas e criar um mapa
da nossa galáxia são apenas algumas das propostas com as quais uma fonte como
essa pode colaborar, disse Burdge. Os pesquisadores só precisam encontrar mais
delas.
Fonte:
Gizmodo
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