Finalmente podemos entender os momentos antes do Big Bang
Os físicos podem ter resolvido um mistério de décadas sobre como nosso universo surgiu.
A teoria do Big Bang é a mais
aceita entre a comunidade científica para explicar como o universo surgiu. O
problema é que nossa compreensão dela tem algumas lacunas– existem várias
questões envolvendo o fenômeno que os pesquisadores ainda não conseguiram decifrar.
Por exemplo, em um primeiro
momento, o universo cresceu a partir de um ponto infinitamente pequeno até
cerca de um octilhão de vezes (imagine um número “1” seguido de 27 números “0”)
em tamanho em menos de um trilionésimo de segundo.
Esse acontecimento é
conhecido como “inflação” e foi seguido por um período de expansão mais gradual
conhecido como Big Bang. Foi nesse ponto que surgiram as partículas
fundamentais que conhecemos hoje, como prótons, nêutrons e elétrons, que mais
tarde formaram os átomos, estrelas e planetas.
Mas o que aconteceu entre o
período da inflação cósmica e o Big Bang? Uma equipe do Kenyon College (EUA),
do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e da Universidade Leiden
(Holanda) pode ter a resposta.
Ínflatons
Depois da inflação cósmica,
toda a matéria existente se espalhou pelo universo, tornando-o frio e vazio.
Para haver um Big Bang, no entanto, algo deve ter “esquentado” o ambiente
novamente, um fenômeno que os cientistas chamam de “reaquecimento”.
De acordo com a principal
autora do novo estudo, Rachel Nguyen, agora na Universidade de Illinois (EUA),
a ideia é de que a inflação decaiu em partículas que podem ter se chocado entre
si, transferindo impulso e energia e reaquecendo o universo para definir as
condições iniciais do Big Bang.
Os pesquisadores chegaram
essa conclusão usando um modelo para simular o comportamento de formas exóticas
da matéria, chamadas de “ínflatons”. Essas partículas hipotéticas, similares ao
bóson de Higgs, podem ter criado a energia que levou à inflação cósmica.
Os resultados da simulação
indicaram que, sob as condições certas, a energia dos ínflatons poderia ser
redistribuída para criar também a diversidade de partículas necessárias para
reaquecer o universo.
Gravidade
Outra questão a ser resolvida
sobre o período de reaquecimento é como a gravidade se comportou durante o
período da inflação. Segundo a relatividade geral
de Einstein, toda a matéria é afetada pela gravidade da mesma maneira. Já a
mecânica quântica dita que, a energias muito altas, a matéria responde à
gravidade de maneira diferente.
A equipe utilizou essa
segunda suposição em seu modelo, ajustando a força com que as partículas
interagiam com a gravidade. O resultado foi condizente com o esperado: quanto
maior era a força da gravidade, mais eficientemente os ínflatons transferiam
energia para produzir as partículas de matéria quente encontradas durante o Big
Bang.
No entanto, os cientistas
ainda precisam encontrar evidências para suportar essa hipótese, o que não será
nada fácil. Enquanto pode ser que haja sinais desse período de reaquecimento no
universo, os resquícios do Big Bang – conhecidos coletivamente como “fundo de
microondas cósmico” – oferecem poucas pistas de tal breve momento.
Os pesquisadores esperam que
novas observações de ondas gravitacionais forneçam mais peças para o
quebra-cabeça. Um artigo sobre o estudo foi
publicado na revista científica Physical Review Letters. [LiveScience]
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