Astrônoma da USP lidera equipe que explica origem de nebulosa
A parte estudada pela pesquisadora brasileira é o arco maior que
mostra as asas da gaivota.[Imagem: ESO/Digitized Sky Survey 2/Davide De Martin]
Origem
da nebulosa
Uma equipe
internacional liderada pela astrônoma brasileira Beatriz Fernandes, do
Instituto de Astronomia da USP, em parceria com o Instituto de Astrofísica de
Paris, descobriu a origem da nebulosa Sh 2-296, que compõe a nebulosa conhecida
como Gaivota.
O estudo também
revelou que três estrelas dessa região, chamadas de fugitivas, foram ejetadas
por diferentes explosões de supernovas há milhões de anos.
"Estudar
regiões como essa é importante porque nós podemos entender como a morte de
estrelas pode afetar a formação de novas gerações de estrelas e isso nos ajuda
a entender melhor a evolução da nossa galáxia, como as estrelas se formam e
evoluem em diferentes ambientes e sob a influência de fatores externos. As
estrelas jovens dessas regiões também são protoplanetárias, que é onde vão se
formar novos sistemas planetários", explicou Beatriz.
A nebulosa Sh
2-296, conhecida como as "asas" da nebulosa da Gaivota, é uma extensa
região no céu em forma de arco, associada à região de formação estelar Canis
Major OB1, composta por estrelas jovens, gás e poeira.
As descobertas
empregaram dados de vários observatórios, usando diversos tipos de emissões,
como raios X, luz visível, infravermelho e rádio. Além disso, foi importante o
uso de informações do observatório europeu Gaia, que está medindo a distância e
os movimentos das estrelas da nossa galáxia. Essas informações permitiram, pela
primeira vez, ter uma visão geral da formação estelar nessa região.
Estrelas
fugitivas
A nebulosa Sh
2-296 é parte de uma enorme concha estelar descoberta pela equipe, que
denominou a estrutura de "CMa shell" (concha CMa), e que foi formada
por sucessivas explosões de supernova. "Ao analisar imagens da associação
CMa OB1, vemos claramente que a nebulosa Sh 2-296 é de fato parte de uma grande
estrutura, que pode ser aproximada por uma grande concha elíptica," disse
Beatriz.
O grupo
identificou também três estrelas dessa região, chamadas de fugitivas,
associadas a estruturas de choque em forma de arco, com uma origem comum perto
do centro da concha CMa.
"Já se
suspeitava há algum tempo que essa é uma região onde explosões de supernova
poderiam ter desencadeado a formação de estrelas. Mas não havia ainda nenhum
estudo conclusivo mostrando, por isso resolvemos investigar essas estrelas
fugitivas, era justamente para tentar encontrar indícios de que poderiam ter
ocorrido essas explosões de supernovas na região," afirmou a astrônoma
brasileira.
Segundo a
pesquisadora, a equipe descobriu que as estrelas fugitivas provavelmente foram
ejetadas de um aglomerado de estrelas progenitor, em três sucessivas explosões
de supernovas ocorridas há aproximadamente 6 milhões, 2 milhões e 1 milhão de
anos.
Fonte: Inovação Tecnológica
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