Astrônomos deram uma espiada em um buraco negro
Ilustração de um disco de acreção espesso girando ao redor da abertura
de um buraco negro supermassivo. A luz de raios x emitida pelo disco cria
“ecos” que os cientistas utilizam para mapear sua estrutura interna, indo além
do que qualquer telescópio consegue observar diretamente
O
objeto, que contém massa de dois milhões de sóis e está girando quase o mais
rápido possível, sem violar as leis da física, está no centro de uma galáxia a
um bilhão de anos-luz de distância
Cientistas
utilizaram uma técnica semelhante à ecolocalização para mapear a região em
torno do horizonte de eventos de um buraco negro a cerca de um bilhão de
anos-luz de distância. A partir de "ecos" de raio-x, os astrônomos
puderam obter detalhes sem precedentes das bordas do buraco negro.
O objeto
sumermassivo está estacionado no meio de uma galáxia chamada IRAS 13224-3809, e
está cercado por um disco rodopiante de matéria cuja temperatura chega na casa
dos milhões de graus. Revestindo a estrutura, está uma "coroa" de
raios-X com uma temperatura superior a um bilhão de graus.
Essas regiões
formam o disco de acúmulo, um anel de matéria em turbilhão que fica fora do
horizonte de eventos. Foi estudando o comportamento desses raios-X que os
cientistas puderam mapear a região em torno do buraco negro, uma área da qual
nem a luz pode escapar.
"Os buracos
negros não emitem luz, então a única maneira de estudá-los é observando o que
cai dentro ele", explica o professor da Universidade de Cambridge, William
Alston, um dos autores do estudo, publicado na Nature Astronomy. O método
consegue ser mais preciso do que as imagens que o telescópio Event Horizon
produziu no passado.
Alguns dos raios-X
emitidos pelo buraco negro vão diretamente para o cosmos, mas outros se chocam
contra o disco de acúmulo e demoram um pouco mais para sair do ambiente
imediato do agressor. "Esse comprimento extra causa um atraso de tempo
entre os raios-x que foram produzidos originalmente na coroa", explica
Alston. "Podemos medir o eco - esse atraso de tempo - que chamamos de
reverberação."
Com os dados
obtidos pelo estudo, cientistas puderam determinar massa e rotação do IRAS
13224-3809: ele contém massa de dois milhões de sóis e está girando quase o
mais rápido possível, sem violar as leis da física. Essas propriedades podem
revelar pistas vitais sobre a evolução do buraco negro. "Compreender a
distribuição da rotação de buracos negros em muitas galáxias nos diz como
chegamos do universo primordial para a população que vemos hoje", completa
Alston.
Fonte: Olhar Digital
National
Geographic
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