Marte é mais velho do que se pensava
Estudo americano revela que o Planeta
Vermelho surgiu poucos milhões de anos após a formação do Sistema Solar, mas
sofreu bombardeio de planetesimais
Marte em seu início, mostrando sinais de água líquida, atividade vulcânica em larga escala e bombardeio pesado de projéteis planetários, segundo concepção dos cientistas do SwRI. Crédito: SwRI/Marchi
Em mais uma sinalização de
que o Sistema Solar primitivo era um lugar caótico, evidências indicam que
Marte provavelmente foi atingido por planetesimais, pequenos protoplanetas de
até 2 mil quilômetros de diâmetro, no início de sua história. Cientistas do
Southwest Research Institute (SwRI), dos EUA, modelaram a mistura de materiais
associados a esses impactos, revelando que o Planeta Vermelho pode ter se
formado em uma escala de tempo mais longa do que se pensava anteriormente.
Determinar como Marte se
formou e até que ponto sua evolução inicial foi afetada por colisões tem sido
uma importante questão em aberto na ciência planetária. É difícil responder a
essa pergunta, uma vez que bilhões de anos de história apagaram constantemente
evidências de eventos de impacto inicial. Felizmente, parte dessa evolução está
registrada em meteoritos marcianos. Dos aproximadamente 61 mil meteoritos
encontrados na Terra, acredita-se que apenas cerca de 200 sejam de origem
marciana, ejetados do Planeta Vermelho por colisões mais recentes.
Esses meteoritos exibem
grandes variações de elementos como tungstênio e platina, que têm uma afinidade
de moderada a alta com o ferro. Esses elementos tendem a migrar do manto de um
planeta para o núcleo central de ferro durante a formação. Evidências desses
elementos no manto marciano, exibidas por meteoritos, são importantes porque
indicam que Marte foi bombardeado por planetesimais algum tempo após o término
de sua formação primária. O estudo de isótopos de elementos específicos
produzidos localmente no manto através de processos de decaimento radiativo
ajuda os cientistas a entender quando a formação do planeta estava completa.
Simulações
“Sabíamos que Marte recebeu
elementos como platina e ouro de colisões grandes e precoces. Para investigar
esse processo, realizamos simulações de impacto na hidrodinâmica de partículas
suavizadas”, disse Simone Marchi, autora de um artigo na revista “Science
Advances” que descreve esses resultados. “Com base em nosso modelo, as colisões
iniciais produzem um manto marciano heterogêneo, semelhante a um bolo de
mármore. Esses resultados sugerem que a visão predominante da formação de Marte
pode ser influenciada pelo número limitado de meteoritos disponíveis para
estudo.”
Com base na proporção de
isótopos de tungstênio nos meteoritos marcianos, argumentou-se que Marte cresceu
rapidamente em cerca de 2 a 4 milhões de anos depois que o Sistema Solar
começou a se formar. No entanto, colisões grandes e precoces podem ter alterado
o balanço isotópico do tungstênio, o que poderia suportar uma escala de tempo
de formação de Marte de até 20 milhões de anos, como mostra o novo modelo.
“Colisões por projéteis
grandes o suficiente para ter seus próprios núcleos e mantos podem resultar em
uma mistura heterogênea desses materiais no início do manto marciano”, disse o
coautor Robin Canup, vice-presidente assistente da Divisão de Ciência e
Engenharia Espacial do SwRI. “Isso pode levar a diferentes interpretações sobre
o momento da formação de Marte do que aquelas que assumem que todos os
projéteis são pequenos e homogêneos.”
Próximas
missões
Os meteoritos marcianos que
aterrissaram na Terra provavelmente se originaram de apenas algumas localidades
ao redor do planeta. A nova pesquisa mostra que o manto marciano poderia ter
recebido adições variadas de materiais projetáveis, levando a concentrações
variáveis de elementos associados ao ferro. A próxima geração de missões em
Marte, incluindo planos para devolver amostras à Terra, fornecerá novas
informações para entender melhor a variabilidade dos elementos associados ao
ferro nas rochas marcianas e a evolução inicial do Planeta Vermelho.
“Para entender completamente
Marte, precisamos entender o papel que as colisões mais antigas e energéticas
tiveram em sua evolução e composição”, concluiu Marchi.
Fonte: Revista Planeta
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