Como astrônomos planejam solucionar mistério do "som" mais alto do universo?
O rugido em ondas de rádio é seis vezes mais "alto" que o esperado (Imagem: Reprodução/Tobias Roetsch/Future)
Em
2006, os astrônomos encontraram um ruído cósmico em ondas de rádio, ressoando
seis vezes mais do que o esperado. O sinal foi detectado com um instrumento
transportado por balão e até hoje não há nenhuma explicação. Mas há planos para
reverter essa história.
Com
o instrumento chamado ARCADE (Absolute Radiometer for Cosmology, Astrophysics,
and Diffuse Emission), que voa em um balão para fugir da interferência de
sinais de rádio emitidos na Terra, os cientistas encontraram o ruído gigante —
mais tarde apelidado de “rugido cósmico).
A
missão era procurar sinais fracos da primeira geração de estrelas formadas no
universo, mas em vez disso eles ouviram rugido que parecia vir do espaço
intergaláctico. Esse sinal não tinha nenhuma fonte específica, mas era difuso e
vinha de toda a parte — inclusive impedindo a detecção da primeira geração de
estrelas.
De onde veio o rugido cósmico? - Embora o sinal seja semelhante à emissão
de rádio da Via Láctea, os astrônomos acham pouco provável que ela seja a
fonte. Isso porque o rugido não parece seguir a distribuição da emissão
conhecida de rádio da Via Láctea. Contudo, essa possibilidade ainda não está
totalmente descartada.
Além
disso, se o rugido fosse emitido pela Via Láctea, isso tornaria nossa galáxia
completamente diferente de qualquer outra, o que também é pouco provável. Seria
necessário um tipo de halo gigante, esférico, estendendo-se para longe do disco
galáctico muito além do necessário.
Resta
então uma origem extragaláctica, que também é algo bem mais interessante: isso
significaria que o rugido seria emitido por algo completamente desconhecido. O
problema é que os cientistas precisam começar a investigação com algumas
restrições, ou terão que observar o universo inteiro.
Essa
radiação é um tipo de emissão conhecida como luz síncrotron, o mesmo tipo
produzido em aceleradores de partículas. Ela surge quando partículas
energéticas encontram um campo magnético. Por exemplo, o gás intergaláctico
quente e os campos magnéticos poderiam ser fortes o suficiente para produzir
uma radiação síncrotron suave.
Com
todas essas informações, os cientistas tentam elaborar ideias para explicar o
rugido, para em seguida testá-las. Entre elas, cogitam-se grandes aglomerados
de galáxias, uma classe inteiramente nova de fontes individuais extremamente
numerosas e desconhecidas, gases em grandes aglomerados de galáxias, ou até
mesmo as primeiras estrelas do cosmos.
O
problema com esta última hipótese é que, se for esse o caso, as estrelas
estariam incrivelmente apertadas, umas muito próximas das outras, a ponto de
não haver espaço entre eles. Só isso explicaria o sinal difuso que parece vir
de todas as direções.
Como resolver o mistério - Infelizmente, o rugido cósmico não é apenas
interessante: seu lado negativo é que ele é um empecilho para detectar outros
objetos, como as primeiras estrelas. Para resolver esse mistério de 13 anos,
mais pesquisas e evidências precisam ser providenciadas.
Existe
uma tentativa de enviar o balão do ARCADE de volta à atmosfera superior, o que
certamente seria bem útil. Entretanto, também há novos projetos que podem
ajudar, como o radiotelescópio de 91 metros em Green Bank, Virgínia Ocidental,
para mapear os sinais de rádio do espaço com maior precisão.
Novas
observações serão feitas com o telescópio Green Bank Low-Frequency Array [LOFAR]
na Holanda e com o Low-Frequency Array (LOFAR) na Holanda. Essas medições em
conjunto podem ajudar a descobrir se o rugido cósmico é de origem galáctica ou
extragaláctica. Além desse primeiro passo, os astrônomos precisarão de novas
hipóteses que possam explicar a origem do rugido.
Fonte:
canaltech.com.br
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