Como os superventos ajudam a impulsionar o desenvolvimento galáctico
Os superventos galácticos -
grandes fluxos de gás criados por uma combinação de explosões de supernovas e
ventos estelares - estão intimamente ligados às primeiras fases de
desenvolvimento e evolução de uma galáxia, incluindo aspetos como o seu
tamanho, forma e mesmo quantas estrelas acabarão por lhe chamar casa.
Mas embora os investigadores
observem normalmente estes ventos, muito pouco se compreende sobre o mecanismo
que os impulsiona. Os astrónomos há muito que especulam que os ventos
galácticos podem ser impulsionados por anéis nucleares de formação estelar, regiões
no espaço que formam e contêm um grande número de estrelas. No entanto, num
novo artigo, publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, os
investigadores foram capazes de construir simulações tridimensionais que
preveem a morfologia observada destes superventos.
De acordo com Dustin Nguyen,
autor principal do artigo científico e estudante de física na Universidade
Estatal do Ohio, o seu trabalho mostra que os pressupostos geométricos de onde
as estrelas libertam energia são importantes para compreender a evolução
galáctica. A sua investigação descobriu que os anéis "starburst"
(formação estelar explosiva), em vez de esferas, levam a fluxos mais parecidos
com o que se observa na natureza.
"Os núcleos de galáxias
com formação estelar são observados como não-esféricos, pelo que devemos
modelá-los em conformidade", disse Nguyen.
Também se pensava
anteriormente que os buracos negros eram os principais responsáveis pela
ocorrência de gigantescas bolhas de raios-X, uma vez que as evidências mostram
que existem acima e abaixo do disco da Via Láctea. No entanto, o estudo dos
investigadores salienta que os anéis nucleares de formação estelar podem
produzir estruturas qualitativamente semelhantes. Isto pode ser importante
porque a Via Láctea também tem uma estrutura semelhante a um anel chamada Zona
Molecular Central.
As simulações foram criadas
usando dados gerados a partir de um programa chamado Cholla, código aberto que
foi executado em alguns dos maiores supercomputadores do mundo, incluindo os do
OSC (Ohio Supercomputer Center), onde criaram o modelo.
"Há trinta anos atrás,
este tipo de computação teria sido impossível, mas já não estamos limitados
pela tecnologia", disse Nguyen. "Agora podemos estudar estruturas
mais complicadas, conduzindo experiências numéricas de alta resolução
utilizando código otimizado para computação paralela".
Embora as suas descobertas
possam ter implicações de longa data para a astronomia de raios-X - um ramo da
ciência que estuda objetos celestes ao detetar os elevados níveis de radiação
de raios-X que emitem - Nguyen explicou que o seu modelo é mais simples de
desenhar do que os modelos pré-existentes. Ao conceber os parâmetros da sua
simulação, Nguyen optou por ignorar a física adicional de forças como a
gravidade e os campos magnéticos, mas foi ainda capaz de gerar um modelo de
como um vento galáctico funciona.
No futuro, Nguyen planeia
recriar novamente as simulações, mas com variáveis que explicam uma física mais
complicada.
"Diz muito da eficácia do
nosso trabalho que o modelo reproduza muitas das principais características dos
ventos galácticos", disse Nguyen. "Mas o passo seguinte é acrescentar
essas físicas adicionais e ver o que muda".
Fonte: Astronomia OnLine
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