Impacto no asteroide: Cientistas publicam suas conclusões

 Impacto bem-sucedido

A NASA fez uma sonda espacial colidir com um asteroide em 2022 na tentativa de movê-lo de sua órbita, o primeiro experimento real de defesa planetária contra asteroides que possam vir a se chocar com a Terra.

Imagens do Hubble na sequência do impacto, mostrando a cauda que o asteroide ganhou com o material ejetado pelo projétil. [Imagem: NASA/ESA/STScI/Jian-Yang Li (PSI)/Joseph DePasquale (STScI)]

Agora os cientistas da missão terminaram de analisar os dados, inclusive das observações de acompanhamento feitas por telescópios. Os resultados foram publicados em cinco artigos científicos, abordando os diversos aspectos da missão.

A principal conclusão é que a colisão teve mais efeito na órbita do asteroide do que o previsto, não exatamente por causa da sonda, mas devido à própria consistência do asteroide alvejado no teste.

Ao acertar um pequeno asteroide chamado Dimorphos, que orbita outro asteroide maior, chamado Didymos, a sonda DART (Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) empurrou Dimorphos para mais perto de Didymos, tornando cada órbita cerca de 33 minutos mais curta do que antes do impacto.

Isso é mais de 25 vezes a mudança esperada no período orbital para que a missão fosse considerada um sucesso.

Fator beta

Mas não foi só a energia cinética do projétil de 570 kg que ajudou a acelerar o asteroide: Pedaços de rocha e toda a poeira levantada pela colisão deram um impulso extra inesperado.

A maioria dos asteroides estudados até hoje, incluindo o alvejado Dimorphos, são pilhas de escombros mantidos coesos pela gravidade. Então, quando o projétil o atingiu, entre 0,3 e 0,5 por cento da massa do asteroide saiu voando, formando uma enorme nuvem de material ejetado. E essa pluma amplificou o momento transferido da espaçonave para o asteroide por um fator de 3,6.

Embora não seja uma novidade total, esse chamado fator beta ficou além de todas as previsões, e deverá agora ser incorporado nos modelos que analisam como desviar um asteroide que entre em rota de colisão com a Terra.

"A massa ejetada dá um empurrão maior ao asteroide do que a própria espaçonave, o que significa que, no futuro, se tivermos que usar essa tecnologia para evitar que um asteroide atinja a Terra, não precisaremos necessariamente de uma espaçonave enorme," disse Jian-Yang Li, do Instituto de Ciências Planetárias.

Expectativa versus realidade: O tipo de rocha espacial que os cientistas esperavam encontrar e o que a sonda DART de fato encontrou. [Imagem: NASA/JHU-JPL]

Agora temos um dado real

É preciso considerar este foi apenas um primeiro teste, e agora será necessário ampliar nosso conhecimento dos asteroides em geral, para nos certificarmos de sua consistência e composição, de modo a calcular o fator beta gerado por cada tipo de corpo celeste no caso de ser necessária uma ação real.

"Acredito que o resultado mais importante é o que aprendemos em termos de como ancoramos nossas simulações. Nós tentávamos derivar todas as previsões de deflexão com base nos primeiros princípios, mas não tínhamos um único ponto de dado real. Agora temos isso e podemos comparar quais resultados correspondem e quais nos dão uma melhor compreensão, para que tenhamos melhores previsões no futuro," disse Siegfried Eggl, da Universidade de Illinois.

O experimento também colocou Dimorphos ao lado de alguns corpos celestes muito exóticos, os asteroides com cauda, hoje catalogados como "asteroides ativos". Vários astrônomos haviam sugerido que essas caudas inesperadas poderiam ter sido geradas por colisões com corpos menores, e o impacto da sonda DART mostrou que esta é uma boa hipótese.

Fonte: Inovação Tecnológica

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