Afinal, o Sol é mesmo uma estrela do tipo solar?

 Outra descoberta recente, e intrigante, sobre o Sol é que estas famosas estruturas, chamadas anéis coronais, podem ser uma ilusão de óptica. [Imagem: NASA/TRACE]

Sol é uma estrela do tipo solar?

Usando dados de três telescópios espaciais - Kepler, Gaia e SOHO -, astrônomos acreditam ter posto um fim à ideia de que o Sol não seria uma estrela normal, do "tipo solar".

Embora pareça estranho tentar saber se o Sol é uma estrela do tipo solar, a astrônoma Ângela Santos, da Universidade do Porto, em Portugal explica que a discussão envolve sobretudo a atividade magnética do nosso Sol, com várias observações indicando que estrelas aparentemente semelhantes ao Sol tipicamente são mais ativas magneticamente.

Para checar a questão, a equipe fez uma seleção de estrelas com propriedades "muito semelhantes às do Sol", para isso juntando dados dos observatórios Kepler e Gaia e ainda do catálogo de períodos de rotação e índices de atividade magnética da própria equipe.

Os dados dessas estrelas foram então comparados com a atividade dos últimos dois ciclos de atividade do Sol, obtidos pelo instrumento VIRGO/SPM, a bordo do telescópio espacial solar SOHO.

"O problema parece não estar no Sol, mas nas estrelas que são classificadas como do 'tipo solar', pois existem várias limitações e vieses nos dados observacionais e nas propriedades das estrelas, que são inferidas," disse Ângela.

Metalicidade das estrelas

Uma das estrelas analisadas, escolhida do catálogo do Kepler, apelidada pelos astrônomos de "Doris" - seu nome oficial é KIC 8006161 -, já havia sido estudada pela equipe em um trabalho anterior, que concluiu que a amplitude do ciclo de Doris era mais de duas vezes maior do que os ciclos solares mais recentes - e isto apesar de Doris ter propriedades muito semelhantes às do Sol.

"A diferença era a metalicidade. A nossa interpretação é que é o efeito da metalicidade que torna a zona de convecção mais profunda, levando a um dínamo mais eficaz, o que implica um ciclo de atividade mais forte," disse Ângela.

Neste novo trabalho, quando a equipe selecionou estrelas semelhantes a Doris, sem considerar a metalicidade na seleção, surgiu um excesso de estrelas com elevada metalicidade. "Na nossa seleção, o único parâmetro que poderia levar a este excesso é o período de rotação. Em particular, Doris tem um período mais longo do que o Sol. E encontramos de fato evidências para uma correlação entre o período de rotação e a metalicidade," contou a astrônoma.

Os resultados dos dois trabalhos são consistentes, uma vez que a atividade magnética mais forte significa que o processo de travagem magnética leva a um período de rotação mais lento, o que explica porque Doris tem uma rotação mais lenta do que o Sol, apesar de ser muito semelhante e ligeiramente mais nova.

"O que descobrimos é que, apesar de haver estrelas mais ativas do que o Sol, o Sol é uma estrela do tipo solar completamente normal," concluiu Ângela.

Fonte: Inovação Tecnológica 

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