Técnicas para medir idade das estrelas estão medindo coisas diferentes
Como medir a idade de uma estrela?
Astrofísicos
descobriram que os dois métodos mais usados para determinar a idade das
estrelas medem coisas diferentes.
Imagem do berçário estelar Ofiúco, ou Serpentário, a região de formação estelar mais próxima da Terra. Os dados mostraram que as estrelas recém-nascidas lá ainda não começaram a afastar-se e que a nuvem progenitora ainda as mantém unidas. [Imagem: NASA/ESA/CSA/STScI/Klaus Pontoppidan (STScI)]
A
idade das estrelas é um parâmetro fundamental na astrofísica, mas ainda é
relativamente difícil de medir. As melhores aproximações até agora foram para
os chamados aglomerados de estrelas, ou seja, grupos de estrelas da mesma idade
com uma origem comum.
Núria
Miret-Roig e seus colegas da da Universidade de Viena, na Áustria, decidiram
fazer uma aferição dos métodos usados para as medições observando seis
aglomerados estelares relativamente próximos e jovens.
Eles
descobriram que dois dos métodos mais confiáveis para determinar a idade das
estrelas - a medição isócrona e o rastreamento dinâmico - são sistemática e
consistentemente diferentes: As estrelas eram cerca de 5,5 milhões de anos mais
jovens de acordo com o método de rastreamento dinâmico do que com a medição
isócrona.
"Isto
indica que os dois métodos de medição medem coisas diferentes," disse
Núria. "Esta descoberta tem implicações significativas para a nossa
compreensão da formação estelar e da evolução estelar, incluindo a formação
planetária e a formação de galáxias, e abre uma nova perspectiva sobre a
cronologia da formação estelar. Por exemplo, a duração da chamada 'fase
incorporada', durante a qual as estrelas bebês permanecem dentro da nuvem de
gás parental, pode ser estimada," completou seu colega João Alves.
A
medição isócrona (eventos que ocorrem em intervalos iguais, ou ao mesmo tempo)
consiste em comparar a luminosidade e a temperatura superficial de uma estrela
com a curva de evolução estelar: A posição da estrela na curva fornece sua
idade. O rastreamento dinâmico, por sua vez, determina a idade de uma estrela
com base em seu movimento ao longo do tempo levando em conta as influências
gravitacionais que operam sobre ela.
Em
resumo, o que a equipe descobriu é que o método isócrono de fato determina a
data de nascimento das estrelas, enquanto o rastreamento dinâmico na verdade
fornece informações sobre quando as estrelas "deixam seu ninho", o
que parece ocorrer cerca de 5,5 milhões de anos depois do seu nascimento, com
base na amostragem usada pela equipe.
Ferramenta nova
Embora
possa exigir a reavaliação da idade de muitas estrelas medidas com a técnica do
rastreamento dinâmico, a descoberta na verdade dá aos astrofísicos e astrônomos
uma nova ferramenta, talhada especificamente para medir quanto tempo uma
estrela demorou para deixar seu ambiente natal, algo que até agora só podia ser
estimado.
De
acordo com o novo estudo, o "relógio" isócrono começa a contar a
partir do momento da formação estelar, mas o "relógio" do retrocesso
dinâmico só começa a funcionar quando um aglomerado estelar começa a se
expandir, após deixar sua nuvem-mãe.
"Os
astrônomos têm usado idades isócronas desde que sabemos como as estrelas
funcionam, mas estas idades dependem do modelo estelar específico que
usamos," disse Núria. "Os dados de alta qualidade do satélite Gaia
permitiram-nos agora medir as idades de forma dinâmica, independentemente dos
modelos estelares, e estamos entusiasmados por sincronizar os dois
relógios."
Fonte:
Inovação Tecnológica
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