Mars Odyssey fotografa Olympus Mons, completa 100.000 órbitas
O robô marciano mais antigo da NASA assinalou um novo marco no passado dia 30 de junho: 100.000 viagens à volta do Planeta Vermelho desde o seu lançamento há 23 anos. Durante esse tempo, o orbitador Mars Odyssey tem mapeado minerais e gelo na superfície marciana, identificando locais de aterragem para futuras missões e transmitindo para a Terra dados dos rovers e "landers" da agência espacial.
A sonda Mars Odyssey da NASA
captou esta imagem única de Olympus Mons, o vulcão mais alto do Sistema Solar,
no dia 11 de março de 2024. Para além de proporcionar uma visão sem precedentes
do vulcão, a imagem ajuda os cientistas a estudar diferentes camadas de
material na atmosfera, incluindo nuvens e poeiras. Crédito:
NASA/JPL-Caltech/Universidade do Estado do Arizona
Recentemente, os cientistas
utilizaram a câmara do orbitador para obter uma nova e espantosa imagem de
Olympus Mons, o vulcão mais alto do Sistema Solar. A imagem faz parte de um
esforço contínuo da equipa da Odyssey para fornecer vistas a grande altitude do
horizonte do planeta (a primeira destas vistas foi publicada no final de 2023).
Semelhante à perspetiva da Terra que os astronautas obtêm a bordo da Estação
Espacial Internacional, a vista permite aos cientistas aprender mais sobre as
nuvens e sobre a poeira transportada pelo ar em Marte.
Tirada a 11 de março, a mais
recente imagem do horizonte capta Olympus Mons em toda a sua glória. Com uma
base que se estende por 600 quilómetros, o vulcão em escudo eleva-se a uma
altura de 27 quilómetros.
"Normalmente, vemos Olympus
Mons em faixas estreitas a partir de cima, mas ao virar a nave espacial para o
horizonte podemos ver numa única imagem a sua dimensão sobre a paisagem",
disse o cientista do projeto Odyssey, Jeffrey Plaut do JPL da NASA no sul do
estado norte-americano da Califórnia, que gere a missão. "Não só a imagem
é espetacular, como também nos fornece dados científicos únicos".
Para além de oferecerem um quadro
das nuvens e da poeira, estas imagens, quando obtidas ao longo de muitas
estações, podem dar aos cientistas uma compreensão mais detalhada da atmosfera
marciana.
Uma faixa branco-azulada no fundo
da atmosfera indica a quantidade de poeira que estava presente neste local
durante o início do outono, um período em que as tempestades de poeira começam
normalmente a levantar-se. A camada arroxeada por cima desta deve-se
provavelmente a uma mistura da poeira vermelha do planeta com algumas nuvens
azuladas de água gelada. Finalmente, na parte superior da imagem, pode ser
vista uma camada azul-esverdeada onde as nuvens de água gelada atingem cerca de
50 quilómetros no céu.
Como esta fotografia foi
obtida
Com o nome do clássico romance de
ficção científica de Arthur C. Clarke "2001: Uma Odisseia no Espaço",
o orbitador captou a cena com uma câmara sensível ao calor chamada THEMIS
(Thermal Emission Imaging System), que a Universidade do Estado do Arizona, em
Tempe, construiu e opera. Mas como a câmara se destina a olhar para a
superfície, para obter uma imagem do horizonte é necessário um planeamento
adicional.
Ao acionar propulsores
localizados à volta da nave espacial, a Odyssey pode apontar a THEMIS para
diferentes partes da superfície ou até mesmo rolar lentamente para ver as
pequenas luas de Marte, Fobos e Deimos.
As recentes imagens do horizonte
foram concebidas como uma experiência há muitos anos, durante as aterragens da
missão Phoenix da NASA em 2008 e do rover Curiosity em 2012. Tal como aconteceu
com outras aterragens em Marte antes e depois dessas missões, a Odyssey
desempenhou um papel importante na transmissão de dados à medida que se
aproximavam da superfície.
Este infográfico destaca a quantidade de dados e de imagens que a sonda Mars Odyssey da NASA recolheu nos seus 23 anos de atividade em torno do Planeta Vermelho. Crédito: NASA/JPL-Caltech
Para transmitir os seus dados
vitais de engenharia para a Terra, a antena da Odyssey tinha de estar apontada
para as naves recém-chegadas e para as suas elipses de aterragem. Os cientistas
ficaram intrigados quando repararam que o posicionamento da antena da Odyssey,
para esta tarefa, significava que o instrumento THEMIS estaria apontado para o
horizonte do planeta.
"Decidimos ligar a câmara e
ver como ficava", disse o engenheiro de operações da Odyssey, Steve
Sanders da Lockheed Martin Space em Denver, EUA. A Lockheed Martin construiu a
Odyssey e ajuda a conduzir as operações do dia-a-dia juntamente com os líderes
da missão no JPL. "Com base nessas experiências, concebemos uma sequência
que mantém o campo de visão da THEMIS centrado no horizonte à medida que damos
a volta ao planeta."
O segredo de uma longa
odisseia no espaço
Qual é o segredo da Odyssey para
ser a mais longa missão continuamente ativa em órbita de um planeta que não a
Terra?
"A física faz muito do
trabalho difícil por nós", disse Sanders. "Mas são as subtilezas que
temos de gerir vezes sem conta."
Estas variáveis incluem o
combustível, a energia solar e a temperatura. Para garantir que a Odyssey
utiliza o seu combustível (hidrazina) com moderação, os engenheiros têm de
calcular a quantidade que resta, uma vez que a nave espacial não tem um indicador
de combustível.
A Odyssey depende da energia
solar para operar os seus instrumentos e eletrónica. Esta energia varia quando
a nave desaparece atrás de Marte durante cerca de 15 minutos por órbita. E as
temperaturas têm de se manter equilibradas para que todos os instrumentos da
Odyssey funcionem corretamente.
"É necessária uma
monitorização cuidadosa para manter uma missão durante tantos anos, ao mesmo
tempo que se mantém uma histórica linha temporal de planeamento e execução
científica - e práticas de engenharia inovadoras", disse o gestor de projeto
da Odyssey, Joseph Hunt do JPL. "Estamos ansiosos por recolher mais
ciência fantástica nos próximos anos".
Fonte: Astronomia OnLine
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