Asteroide que atingiu lua de Júpiter era maior do que extinguiu de dinossauros
A lua de Júpiter, Ganimedes, pode ter mudado seu eixo quando
um asteroide gigantesco colidiu com ela há cerca de 4 bilhões de anos, de
acordo com um novo estudo.
Asteroide que atingiu lua de Júpiter era maior do que extinguiu de dinossauros
Este
é o maior satélite do Sistema Solar, ainda maior que Mercúrio e o planeta anão
Plutão. Pesquisas anteriores encontraram evidências que sugerem que, sob a
espessa crosta de gelo de Ganimedes, há um oceano salgado dez vezes mais
profundo que os oceanos da Terra. Mas muitas perguntas ainda permanecem sobre a
lua, e os cientistas precisam de mais imagens de alta resolução de sua
superfície para resolver os mistérios em torno da história e evolução de
Ganimedes.
Profundas
fissuras cobrem grandes áreas de sua superfície, formando um padrão de círculos
concêntricos em torno de um ponto, o que levou alguns astrônomos a acreditar
que a lua passou por um grande evento de impacto no passado. "Os satélites
de Júpiter — Io, Europa, Ganimedes e Calisto — têm características individuais
interessantes, mas o que chamou a minha atenção foram essas fissuras em
Ganimedes", disse Naoyuki Hirata, professor assistente de planetologia na
Universidade de Kobe, no Japão, em uma declaração.
"Sabemos
que essa característica foi criada por um impacto de asteroide há cerca de 4
bilhões de anos, mas não tínhamos certeza do tamanho desse evento e de qual
efeito ele teve na lua." Hirata é o autor de um novo estudo, publicado na
última terça-feira (3) na revista Scientific Reports, que explora o que criou o
sistema de fissuras de Ganimedes e as consequências do impacto — que poderiam
ser investigadas mais de perto pela espaçonave Juice (Jupiter Icy Moons
Explorer) da Agência Espacial Europeia (ESA), que está atualmente a caminho de
estudar Júpiter e suas luas.
Um
impacto antigo Ganimedes há muito intriga Hirata, que disse acreditar que
desvendar sua evolução é "significativo". A superfície da lua é
marcada por contrastes, com regiões brilhantes de cristas ao lado de sulcos que
cortam áreas mais escuras. O professor analisou mais de perto o sistema de
fissuras em Ganimedes, que se estende a partir de um único ponto na superfície,
de maneira semelhante às rachaduras concêntricas que se formam quando uma pedra
atinge o para-brisa de um carro, segundo ele.
Hirata notou que o local central das fissuras
estava ao longo do eixo de rotação da lua, o que sugeria que algo como um
grande evento de impacto causou uma completa reorientação do satélite.
Pesquisas anteriores evidenciaram que um grande corpo planetário colidiu com
Plutão no início de sua história, o que reorganizou a distribuição de gelo no
planeta anão e levou à criação de uma característica distinta em formato de
"coração" na superfície. Hirata disse acreditar que um cenário
semelhante ocorreu em Ganimedes, com sua crosta de gelo e oceano subterrâneo.
Uma
mudança súbita na distribuição de massa em um planeta pode alterar a
localização de seu eixo, ou a linha imaginária em torno da qual os corpos
planetários giram. Quando um grande asteroide colide com um planeta, ele cria
uma anomalia gravitacional que modifica a rotação do corpo celeste. Assim,
Hirata calculou que tipo de impacto poderia ter causado a orientação atual de
Ganimedes. Suas equações revelaram que um asteroide com cerca de 300
quilômetros de largura criou inicialmente uma cratera de aproximadamente 1.400
a 1.600 quilômetros de diâmetro.
O
asteroide foi 20 vezes maior que o que colidiu com a atual Península de
Yucatán, em Chicxulub, México, e que levou à extinção dos dinossauros na Terra
há 66 milhões de anos. A cratera deixada em Ganimedes tinha 25% do tamanho da
lua de Júpiter, de acordo com o estudo. Investigação de perto pela missão Juice
Ainda não está claro o quanto o eixo de Ganimedes mudou, disse Hirata. No
entanto, futuros dados coletados pela missão Juice poderão lançar mais luz
sobre a história de Ganimedes e o evento de impacto.
A
espaçonave, lançada em abril de 2023, completou um sobrevoo histórico da Terra
e da Lua em 21 de agosto, o que a colocou no caminho para chegar a Júpiter e
suas luas em 2031. É difícil para os pesquisadores saberem se um impacto antigo
criou as fissuras em Ganimedes sem mais dados, que a missão Juice pode
fornecer, disse Adeene Denton, pesquisadora de pós-doutorado no Laboratório
Lunar e Planetário da Universidade do Arizona.
Ela
não participou do estudo de Hirata. "Este artigo apresenta uma premissa
interessante, com muito a considerar sobre a evolução de luas geladas e mundos
oceânicos", disse Denton, que coassinou um estudo em abril sobre os
impactos em Plutão e sua grande bacia, chamada Sputnik Planitia, que compõe o
lóbulo esquerdo da característica em formato de coração observada por
astrônomos.
"Vale
a pena notar que algum ceticismo pode ser justificado ao considerar
características geológicas antigas e degradadas em corpos planetários e como
elas afetam a orientação de um planeta", disse Denton. "Com tão
poucas informações sobre essas grandes e antigas formações, é difícil ter
confiança na identificação dessa característica como uma bacia, bem como em uma
possível anomalia de massa. Felizmente, ao contrário de Plutão e da Sputnik
Planitia, estamos voltando para Ganimedes em breve e poderemos obter as
informações adicionais necessárias para resolver essa questão."
Os
pesquisadores acreditam que o interior desse satélite pode ser como um
"sanduíche em camadas", composto por faixas alternadas de gelo e
oceano. Compreender como o impacto alterou a lua poderia revelar insights sobre
sua intrigante estrutura interna, disse Hirata.
"Quero
entender a origem e a evolução de Ganimedes e das outras luas de Júpiter",
afirmou ele. "O choque gigante deve ter tido um impacto significativo na
evolução inicial de Ganimedes, mas os efeitos térmicos e estruturais da colisão
no interior da lua ainda não foram investigados. Acredito que futuras pesquisas
aplicando a evolução interna de luas geladas podem ser realizadas em
seguida."
MSN.COM
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